O perfil da indústria de transformação de plástico no Brasil

A indústria de transformação de plástico brasileira é o 4º setor que mais emprega no país. Ao todo, são 326 mil empregos gerados com postos de trabalho concentrados no Sul e no Sudeste. A indústria é composta em maioria de microempresas, totalizando uma fatia de 73% do setor, seguido de pequenas empresas, que representam 22% do seguimento e um baixo número de médias empresas, com 5% do mercado. Hoje, são 11.559 empresas transformadoras de plásticos em produtividade no Brasil.

A indústria de plástico brasileira é majoritariamente produtora de commodities, com 70% das empresas comercializando materiais como sacarias industriais, sacolas de supermercado e frascos nos gerais. Os 30% restantes do setor fabricam materiais diferenciados, como filmes técnicos para alimentos, filmes FFS, não tecidos e frascos multicamadas. O faturamento do setor alcança a bagatela de R$62,2 bilhões de reais. O perfil da indústria mostra números promissores, mas analisando o avanço produtividade da indústria em si e comparando-a com o seguimento de outros países, percebemos que existe um déficit no mercado brasileiro.

Entre 2000 e 2015, a produtividade brasileira avançou apenas 9,5%, enquanto em outros países da América do Sul produziram pelo menos o dobro desse valor, como é o caso da Colômbia, que obteve uma ascensão de 18,9% no mesmo período. Outros países tiveram progressos ainda maiores: O Chile alcançou 19,8% e o Peru, 36,8%.  O The Conference Board, organização de grupos de pesquisa e de associações empresariais e referência mundial sobre o tema, concluiu que a produtividade brasileira corresponde a 88% da média mundial. Em 2015 o trabalhador brasileiro produziu U$ 30 mil dólares, enquanto o norte-americano gerou U$ 120 mil.

Qual é a receita para melhorar a produtividade e ter uma receita satisfatória, otimizando ao máximo a capacidade da sua empresa? Falaremos sobre a produtividade da indústria e algumas dicas para quem deseja se fortalecer ainda mais nesse seguimento. A definição de produtividade está diretamente ligada à capacidade de produzir produtos com preços competitivos. Entretanto, a aplicação do conceito não é tão simples: é necessário definir qual produção e recursos que devem ser medidos – como quantidade de produção, horas-homem, horas-máquina, etc. Como pode ser difícil somar itens diversos ou recursos de unidades diferentes, uma saída prática é usar critérios financeiros para medir produtividade. Ou seja, a lucratividade da empresa é o melhor parâmetro da produtividade.

Uma alternativa para simplificar o cálculo de unidades diferentes é a contabilização de produtividades parciais. A análise da produtividade em contraponto da mão de obra expressa por meio de algum indicador, como plástico produzido/horas-homem utilizadas é um exemplo. Os indicadores adequados a serem utilizados dependem do objetivo da empresa. De acordo com Christian Barbosa, consultor especializado em produtividade, “é preciso simbiose entre resultado e equilíbrio, porque não adianta ter bons resultados apenas em certos períodos. Precisa ser sustentável”.

Sobre o perfil da produtividade brasileira, Barbosa afirma: “Infelizmente, na comparação com outros países, estamos muito atrasados em vários aspectos em relação à produtividade. Temos problemas com a capacidade produtiva e a própria produtividade individual de cada colaborador. Também estamos atrasados em relação a processos e ainda não utilizamos adequadamente a automatização”.

Ainda de acordo com os especialistas, o desenvolvimento da produtividade no chão de fábrica não demanda necessariamente de um grande investimento. O fundamental, dizem, é reformular a cultura da empresa enquanto, de maneira gradual e cautelosa, os aportes em automação e tecnologia são realizados. “O primeiro passo para promover a mudança é a liderança da indústria se conscientizar. Não adianta falar sobre produtividade se os próprios líderes não tiverem isso na cabeça. O segundo passo é adotar estratégias e políticas adequadas à indústria, realizar treinamentos para a equipe gerencial e organizar sistemas de colaboração”, afirma Barbosa.

As mudanças adotadas devem estar acompanhadas de um olhar atento aos resultados. Conforme diz Carlos César, do Senai Cimatec, a implementação da produtividade só entregará resultados quando a empresa consolidar os quatro vértices de um “quadrado”: capacitação de funcionários, saúde financeira, manufatura enxuta e automatização. “Quem tiver esse ‘quarteto’ arrumado, sobretudo nas grandes indústrias, já vai ter um bom caminho andado”, diz César. “E é preciso identificar os gargalos e fazer um raio-X do processo de produção. A partir dele, aplicamos as técnicas de gestão, como a manufatura enxuta, e corrigimos eventuais problemas, como alguém que não esteja apto para trabalhar numa determinada máquina. ”

Efetivadas as mudanças, é necessário se manter vigilante na avaliação da própria produtividade. “Para isso, o empresário precisa identificar quem é ele no mercado. Se eu produzo 400, vendo 400 e minha saúde financeira está boa, então estou sendo produtivo. É preciso identificar qual o meu papel e quem são os meus reais concorrentes”, assegura César. Mas não há receita para essa manutenção: os objetivos da empresa que vão determinar a análise. No geral, prioriza-se itens principais de produção e recursos. O conceito mais aplicado é utilizar produto equivalente para homogeneizar produtos diferentes fabricados pela empresa. “Quanto aos recursos, usa-se o conceito de produtividade parcial do principal recurso (o mais custoso) da empresa, geralmente a mão de obra”, completa.

Por fim, entende-se que mesmo com mecanismos e estratégias pré-determinadas, não há uma receita de bolo que entrega um bom resultado. Antes de tudo é necessário uma autoavaliação profunda de posicionamento no mercado, recursos e objetivos. Produtividade é otimização de processos e melhoria na gestão para focar no que é estratégico de acordo com a empresa.